quem fala
fernanda weber, 1996, brasília. escrevendo para criar um lugar no mundo em que as coisas aconteçam num outro ritmo. ♥

Ser linda e maravilhosa


Essa semana li dois textos incríveis sobre beleza - um da Vanessa Chanice e outro da Julia Pacheco - ambos falam sobre amor próprio e aceitação. Desde então, decidi falar sobre isso aqui no blog e contar um pouco da minha experiência com toda essa odisseia em torno dos padrões estéticos.
Hoje, aos 18 anos, me olho no espelho e me acho bonita. Eu vejo meu reflexo e gosto do meu cabelo, do meu sorriso, dos meus olhos, do meu corpo (o buchinho já vai embora, porque vou malhar e aí cabou reclamações, ok migos?) e principalmente do meu interior. Não tô falando de como meu coração e pulmões são saudáveis (até porque meu estômago é meio avariado e pelo meu mega sedentarismo, meus órgãos devem estar completamente acomodados e desacostumados com qualquer tipo de atividade), vocês sabem bem disso. Estou falando das respostas que a gente procura quando está em uma crise existencial. Me sinto bem ao olhar no espelho e ver que não sei tudo, mas que já conheço muita coisa e que ainda estou em construção, assim como a minha vida e o meu amor próprio.

Mas nem sempre foi assim e a minha fase de patinha feia foi bem longa. Quando eu era mais nova, era muito magra, muito baixa, usava óculos, odiava o meu cabelo, as minhas unhas e tudo mais. Era como uma tpm permanente. Eram reclamações atrás de reclamações e uma insatisfação constante. Minha família me achava bonita e só. Eu nunca fui a gata do colégio ou da rua e não fazia questão de tentar ser. Como se não bastasse esse meu complexo, chega a deliciosa fase da adolescência em que tudo parece ser dez vezes maior e pior do que realmente é. Então cresci rápido demais e era uma das maiores gurias da sala, super magra, usando óculos e o cabelo aquela coisa. Não tinha como fugir da zoação, eu ouvia e ponto. Não reagia, não me manifestava e tudo continuava do mesmo jeito. Apesar de tudo isso, minha vida escolar não foi uma tragédia e eu aprendi a lidar com o que falavam sobre mim.

Quando terminei o ensino médio, as coisas mudaram um pouquinho. Fiquei cada vez mais próxima do mundo virtual e descobri que toda a minha feiura tinha jeito. A solução se chamava cérebro. Pelo que li, precisava estimular essa coisinha diariamente. Assim fiz. Os resultados foram impressionantes. Tomei coragem de assumir meus cachos, engordei e me alegrei com o corpo que tinha. Passei a me amar cada vez mais e descobrir o que realmente importava. A minha família tinha razão, eu tinha um cabelo maravilhoso, um sorriso incrível, olhos expressivos e passava através do meu corpo o que meu coração tinha. Ainda reclamo em um bad hair day e dou uma de insatisfeita quando estou de mau humor, mas em 90% dos meus dias, sei que estou linda e maravilhosa.

E as pessoas também se incomodam com isso. É como a Vanessa falou no vídeo dela: "É uma grande inversão de valores. Se achar bonita virou algo ruim, parece arrogância. Mas não, eu não devo me sentir mal por me achar bonita." A sociedade não colabora, pelo contrário, só reforça a cada dia que você precisa se enquadrar num padrão aceitável. Ou cabelo liso ou cabelo com cachos mega definidos, sem frizz, obviamente. Ou você tem um corpão ou é magra pra ser modelo. Chega! O meu cabelo é crespo na parte de baixo e mais cacheado em cima. Minhas unhas são roídas e sempre tenho a maior preguiça de tirar o esmalte. Eu uso aparelho e óculos. Tô bem longe de ter um corpão. Não consigo usar salto e saio de casa sem maquiagem. E quem foi que disse que isso me torna feia? 

Sou linda e você também. O amor próprio e a auto-aceitação nos mostraram o quão grande é a nossa beleza. Se libertar dos rótulos, ser quem você realmente é e viver com a leveza de se olhar no espelho e sorrir, é indescritível. Não perca a chance de viver bem consigo mesma. Não deixe que te imponham valores vazios. Se ame, cada dia mais.



Comentários

  1. A R R A S O U. Hoje consigo me amar um pouquinho mais que antes, mas ainda estou nessa busca de se olhar no espelho e se amar. Um dia eu chego lá, quem sabe quando eu perder uns 15kg! hahahahahhahaha
    E digo uma coisa: você é linda mesmo, e seu cabelo é lindo, to louca pela sua ruivice, não vejo a hora! <3
    www.girlsmachine.com

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    1. Ahhh, Lare! Fico muito feliz que você tenha gostado do texto <3 E olha, tu é linda!! Se ame cada vez mais e esqueça esses quilinhos que você tanto vê a mais hahahah <3 Obrigadaaaa. Tô louca pra enruivar logo também!

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  2. Que lindo, Fer! Merece aplausos..
    É ótimo se aceitar, de um tempo pra cá entrei nessa fase. Assumi meus cachos, tenho manchas de espinhas pelo corpo (principalmente no colo) e por muito tempo isso me impediu de usar decotes ou blusas de alça. Hoje pouco me importo! Meu cabelo está com frizz? Ótimo! Meto a mão nele e bagunço ainda mais. Quanto mais bagunçado, mais volume, quanto mais volume, mais estilo!
    Tem 54kg em 1,66 de altura e mesmo assim me acho linda. Não tenho o corpo perfeito, mas há mais partes nele nas quais me orgulho do que as que quero melhorar.
    Seu texto é lindo e muito bem produzido, assim como você e suas madeixas. Parabens pelo talento!

    Por um mundo onde haja mais amor próprio e menos padrão de beleza!


    Fotografo Sonhos

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    1. Ai, Gi, muito obrigada, de verdade! É muito importante pra mim saber que as pessoas leem os textos e se identificam com eles <3
      Assumir o nosso corpo, nossa juba e tudo mais, é libertador! Tu é linda, rainha do black <3 E sim, queremos mais amor e menos rótulos, por favor!

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