(imagem da melina souza)
De uns tempos pra cá, eu passei a encarar minhas leituras como encontros. Por vezes são bons, por vezes são ruins, podem mudar vidas ou ter muito a oferecer, mas eu achar chato porque estava num momento diferente do que aquela entrega pedia.
Meu encontro com A cabeça do santo foi rápido e arrebatador. Comprei num dia, chegou em outro, li no outro, em menos de 4 horas e tá ressoando em mim até agora, sem parar.
O livro conta a história de Samuel, um jovem que vive em Juazeiro do Norte e promete à mãe, que está morrendo, que vai procurar sua vó e seu pai em Candeia, uma cidade próxima.
Ao chegar lá, a cidade está abandonada, pouquíssimos moradores e por alguns acontecimentos do destino, ele precisa de abrigo e vai parar dentro da cabeça de uma estátua de Santo Antônio que está no chão. E esse enredo me brilhou ainda mais os olhos quando Samuel é agraciado com o dom de ouvir as orações das mulheres ao Santo, pedindo por um amor.
Poderia ser uma narrativa muito boa se focasse só nisso. Mas é mais, porque tudo é envolvente. A história da cidade, das pessoas que vivem e já viveram ali, o tratar com a morte, a vida, o perdão, a ganância, as crenças e descrenças e a forma como tudo isso é contado torna a experiência de leitura como um mergulho naquele universo, que é ficcional, mas com aquele quê de real.
Inclusive, Socorro Acioli (@socorroacioli) diz em uma entrevista que começou a escrever essa história numa oficina de contos do Gabriel Garcia Marquez e se inspirou em um acontecimento da cidade de Caridade, no interior de Fortaleza! Uma estátua de Santo Antônio estava sendo construída, mas fizeram a cabeça no chão e ficou pesada demais pra subir e ser colocada no corpo, então ficou por lá mesmo, no meio da cidade (e assim segue até hoje).
A cabeça do santo é minha descoberta favorita desse ano e com certeza uma recomendação recorrente pra qualquer pessoa que queira um encontro leve, divertido e, ainda assim, profundo. 💛
[esse post foi feito originalmente no meu instagram @fernandaweber_]
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