Amor, cadê você?

Me disseram uma vez que essa coisa toda de amor não vale a pena, que nos entregamos e só sofremos; que ficar apaixonado só nos tornava mais bobos do que já somos e que o bom era ser o mais racional possível, evitando qualquer tipo de sentimentalismo. Fiquei um pouco chocada, mas percebo que várias pessoas pensam assim hoje em dia; é como se o amor tivesse sido banalizado. 

O amor tem sido tratado como sentimento que há entre casais apaixonados, então quando as pessoas se decepcionam com seu parceiro, logo colocam a culpa no amor e desacreditam dele. É excesso de expectativa. Eu não tenho grandes experiências na vida amorosa e nem preciso, pra saber que a vida a dois não é um livro do Nicholas Sparks, afinal as mocinhas não acordam maquiadas, como na novela (na realidade, quando dormimos de maquiagem, acordamos tipo panda). Tem conta no fim do mês pra pagar, tem remela no olho, tem a louça pra lavar, gordurinhas na barriga, vidro de azeitona pra abrir e muitas outras questões envolvidas num casamento. Meus pais são casados há quase 20 anos e não tem aqueles diálogos fofíssimos e decorados estilo Gus e Hazel todos os dias, mas o amor que vejo na relação deles é tão bonito que me inspira.

Posso ser uma romântica incurável ou uma jovem sonhadora, mas acredito fielmente no amor; vejo e coloco um pouquinho dele em tudo. Acredito no amor que está presente nos meus livros e nas histórias que eles me trazem. Acredito no amor que está nas dezenas de discos de vinis do meu pai e também nas entrelinhas que estão ali. Acredito no amor que está em cada cambalhota de felicidade que a minha gata dá, assim que me vê quando eu chego em casa. Amor nos olhos de quem propõe ajuda, nas mãos de quem nos segura, no abraço de quem nos protege e nas palavras pensadas com carinho. Existe amor em todas as manhãs quando meus pais me acordam com um sorriso aberto, me mostrando o dia lindo lá fora e nem se importando se eu tô descabelada, com bafo e olho inchado. Quando escuto uma música carregada de sentimentos bons e escuto milhares de vezes. Quando você devolve o troco que a moça da padaria deu errado. Quando vou ao Rio de Janeiro e vejo aquela imensidão azul que me traz uma paz inigualável. Amor é a sinceridade com os melhores amigos que dizem quando uma roupa tá horrível e aquela foto tá proibida de ser postada.
Acredito num amor que pode ser visto, lido e sentido de várias formas. Amor também é gentileza, carinho, atenção, respeito e sinceridade. Acredito nesse poder de modificar as pessoas, os lugares e os sentimentos. Acredito cada vez mais no amor que move o mundo e transforma as pessoas em seres humanos melhores. E você?